
Quando eu era criança, nos anos 1950, eu acreditava que havia uma escada entre o Vaticano e o céu. Seria por onde o Papa vai conversar com Deus.
Com o tempo, percebi que, na realidade, muitas coisas não eram como os mais velhos me haviam levado a acreditar. Assim, fui limitando minhas crenças, até deixar de acreditar na existência de Deus, exatamente pela falta de comunicação de Deus quando eu lhe pedia explicações e orientações.
Com a morte de Francisco, aquela crença na conversa do papa com Deus me voltou com bastante clareza.
Suspendendo minha descrença, posso visualizar o Papa Francisco indo se encontrar com Deus. Não pela escada, mas por meio de o que fez muito bem como papa. O Papa Francisco defendeu o meio ambiente, direitos humanos e da diversidade, migrantes, vítimas de guerras. Especialmente, estimulou o diálogo, promovendo encontros ecumênicos, recebendo pessoas com crenças diferentes. Isso, enquanto vivo, entre nós.
Agora, posso visualizar o Papa Francisco estimulando a comunicação no meio divino.
Posso imaginá-lo levando seu jeito de ser e agir comunicativo para conversar com Deus. Imagine: Deus ouvindo Francisco e resolvendo agir como Francisco agia.
Deus conversando diretamente com as pessoas, promovendo o diálogo e entendimento entre seus filhos judeus, cristãos e muçulmanos. Desse modo, não haverá mais guerra entre Israel e povos vizinhos, cristãos armamentistas deixarão de pregar o Deus da Guerra.
A conversa de Deus com suas criaturas se torna referência para o diálogo nas famílias humanas. O diálogo para a criação de filhos melhores para o mundo.
Tenho esses pensamentos suspendendo minha descrença por um momento, indo além dos limites de minhas crenças. Assim convivo com o que aprendi quando criança sobre Deus e que ainda é ensinado às crianças de hoje.
Se Deus não seguir o exemplo do Papa Francisco, nós podemos seguir. Podemos buscar entender e atender as necessidades de outros seres vivos. Especialmente aqueles que foram prejudicados pela desigualdade criada pelos seres humanos.
