Não é preciso ser excelente entendedor para reconhecer que o técnico não se refere à aparência quando diz que é preciso cuidar da cabeça para ser um craque.

Há outra possível interpretação: ser capaz de chutar e também cabecear com precisão.

E mais, é preciso não ter cabeça quente, evitando brigas em campo.

Especialistas em esportes diriam que o craque não é só pernas e cabeça, mas também reflexos, impulsos automáticos, que dependem do inconsciente e de impulsos elétricos adequados para os músculos, de modo que se contraiam e se expandam com velocidade e precisão.

E também é possível entender que o craque se faz com práticas e teorias. É preciso estudar, ouvir, aprender.

Como se vê, há vários motivos para considerar que a cabeça do craque não se faz pelo penteado e nem por cores repintadas a cada momento.

No entanto, é a aparência do outro o primeiro sinal que interpretamos e consideramos. Há estudos que dizem que, em caso de empate na análise dos autos, o juiz tende a dar ganho de causa a quem é mais bonito.

As pessoas se embelezam para os encontros, para as entrevistas de emprego, para autorretratos.

Faz parte dos mais básicos instintos admirar outros pela aparência física, como se vestem, pelas cores de cabelo que escolheram. Se, neste mundo de aparências, as pessoas vão nos entender pelo que parecemos ser, é compreensível as pessoas se dedicarem tanto à aparência.

Há um risco. Por vezes, a aparência se torna tão importante que a essência é descuidada.

É sobre esse ponto que precisamos estar atento. Em longo prazo, desenvolver competências, ou seja, ser é muito melhor do que parecer ser.

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