Em setembro de 1996, o título de capa do jornal Viver no Cachoeirinha foi «Novo brado retumbante: Independência e Vida!» Apresentação da capa comemorava: «Se o jornal circulou pela primeira vez em 7 de setembro, agora com um ano, acreditamos que podemos estar iniciando um novo jeito de buscar a independência: apostando na vida.»

Tive a felicidade de editar, com amigos voluntários, esse jornal, que circulou até 2000 em bairro de Belo Horizonte. Hoje ele faz parte da memória de quem trabalhou por ele, leu e participou de projetos de desenvolvimento comunitário. Foram sementes cultivadas que, agora, frutificam no jeito de ser e de agir de alguns cidadãos brasileiros. Editar esse jornal contribuiu significativamente para meu entendimento sobre desafios comunitários, o que impactou positivamente nas minhas orientações sobre 5S, na minha razão de viver.

Um trabalho pequeno, considerando a dimensão do país, a dimensão da história representada pelas 20 milhões de peças do acervo do Museu Nacional, incendiado em 2 de setembro.

Depois dessa tragédia, sinto necessidade de retomar o brado retumbante atualizado: «Independência e Vida!»

É preciso sobreviver às cinzas, por mais difícil que seja. É preciso proteger a história que nos resta.

É preciso nos libertar dos discursos de ódio porque o que se queima e o que se mata não pode mais ser recuperado. Essa liberdade se faz com propostas de diálogo, procurando entender o ponto de vista do outro. É preciso cada um assumir o que lhe compete para a qualidade de vida de todos.

É preciso lembrar que museus são a persistência da vida ao longo dos séculos. É preciso manter os registros históricos, consultá-los, reconhecer que as histórias de todos nós neste planeta se entrelaçam e que somos todos responsáveis pela vida.

Sem memória, não sabemos quem somos.

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