Aos quarenta anos de idade um pai diz ao filho de oito anos que assumiu um cargo importante em outro país. Durante esse período, quase não vão se ver. “Será por pouco tempo. Apenas quatro anos” – ele tenta acalmar o filho.
É difícil para o menino entender que é pouco tempo, considerando que representa 50% do que já viveu. Para o pai, quatro anos é um período com que já está acostumado, repetido em vários projetos desde que se tornou adulto. À medida que envelhecemos, a percepção de tempo se modifica. Décadas ficam mais simples, facilitando definir projetos de longo prazo.
Até que se aproxima o fator inexorável: a morte. E a constatação que se tem menos tempo.
A coisa não é tão dramática quando se tem uma consciência especial de tempo. Isso pode ser feito com imaginação e compromisso.
Uma criança de dez anos pode aprender a imaginar os próximos dez e se dedicar para realizá-los, libertando-se do consumismo de impulso.
Alcancei os 65 anos de idade graças às condições favoráveis à vida que encontrei durante as últimas seis décadas. Minha consciência de tempo me estimula a contribuir para essas condições sejam possíveis daqui para frente. Com isso, consigo imaginar o ano de 2084 como sendo de meu tempo, mesmo não tendo chance de chegar vivo a essa data. A cada ano, minha visão de futuro vai mais longe.
A curtição do futuro distante serena as arestas de relacionamento, aumenta a esperança na humanidade e o compromisso de buscar soluções para os desafios de curto, longo e muito longo prazos.
Olhando mais atrás, tenho em minha retaguarda bilhões de anos de evolução, em que participo contribuindo para que o planeta seja saudável para bilhões de anos no futuro.
É um desafio fascinante. Observe e verá.